Na ausência da multiplicação, divida

Créditos a Sou Agro
Se existe alguma coisa pela qual sou diariamente grata é sem dúvida pela bênção de, todos os dias, poder ter comida em cima da mesa para mim e para os meus. De forma mais ou menos abastada, a verdade é que, por esforço e cuidado de todos os que olharam por mim, ela nunca me faltou.
Podem nem sempre ter sido manjares dos deuses e apenas simples combinações para aconchegar o estômago, mas saciavam e nunca permitiram que sentisse o paladar do vazio.
Infelizmente, esta dádiva não é comum a todas as famílias. Conheço de perto realidades diferentes da minha... Histórias onde moram a angústia e o desespero de quem faz das tripas coração para conseguir uma refeição decente para os filhos, ainda que isso signifique que eles próprios fiquem um dia inteiro a pão e água. Pais, avós ou familiares que se privam de comer, para dar aos mais pequenos ou mesmo que gritam em silêncio por não conseguirem cumprir essa missão. Não existe maior impotência que sentir o peso da fome na barriga de quem juramos proteger e que está à nossa responsabilidade. Por isso, saber que este panorama é real e ficar passivo e indiferente é frio, cruel e alheio de humanidade. Não é que tenha de haver uma Madre Teresa de Calcutá em cada um de nós, mas (embora clichê) a verdade é que um gesto, por mais simples que seja, pode mesmo fazer a diferença. E há muitas opções por onde começar, basta querermos.

Hoje, aproveitei a minha folga para passear por Lisboa e conhecer de perto um pouco mais das entranhas desta nossa capital, Inesperadamente, fui surpreendida pelas sirenes de um carro da polícia que alertava para a aproximação de algo. Claro que fiquei curiosa e expectante para perceber do que se tratava, até que, no horizonte, começaram a surgir alguns atletas. Percebi de imediato que se tratava de uma corrida. Correr é, sem dúvida, uma forma saudável de abraçar os tempos livres, Se a isso associarmos uma causa solidária, temos a combinação ideal para um sábado bem despendido. Não tardei a informar-me sobre o evento, até que percebi que se tratava da corrida "Juntos Contra a Fome", uma iniciativa organizada pela  Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e pela In Totum, que tem por objetivo angariar fundos monetários para o combate à fome, sendo que o valor das inscrições reverte na totalidade para o fundo da campanha.  Hoje, dia 28 de novembro, foi a sua segunda edição e pelo sorriso dos participantes percebia-se mesmo que cada quilómetro era um passo contra a fome.
A avaliar pelo número de atletas que vi atravessarem a Avenida da Liberdade diria que a missão foi cumprida com sucesso - claro que toda a ajuda parece sempre insuficiente para dar resposta à necessidade real, mas, como disse, temos (e devemos) de começar por algum lado. Por isso, é de parabenizar a iniciativa, bem como todos aqueles que optaram por se associar a ela.






Mas existem outras formas de contribuir. E, hoje, também eu tentei humildemente fazer alguma diferença. Dirigi-me a um hipermercado e dei o meu contributo para o Banco Alimentar Contra a Fome


Sei que por vezes já é um grande desafio conseguir amealhar dinheiro suficiente para dar vida ao frigorífico lá de casa, mas ninguém nos pede ou exige uma quantidade astronómica de produtos; ninguém ambiciona que enchamos um carrinho. Pouco é muito! E se todos comprarmos um produto que seja, acreditem que conseguimos preencher bem mais do que um só carrinho de compras! Felizmente o Natal desperta o melhor das pessoas. A face solidária que há em nós tem tendência a despertar nesta época... Estamos cansados de pregar e de dizer convictamente que "ajudar" é um verbo que devia integrar a nossa rotina diária e anual. Contudo, ainda que tenhamos dificuldade em aplicar o que dizemos, ainda bem que por momentos nos lembramos de o fazer. Pelo menos garantimos que, neste Natal, muitos poderão ter uma mesa mais rica e quiçá a merecida e desejada ceia.
Se têm vontade de alimentar esta ideia, não baixem os braços e corram até ao supermercado mais próximo, já que a campanha se estende até amanhã dia 29.

"(...) toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente que lhe assegure e à sua família, a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda aos serviços sociais necessários"

(Excerto do artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos do Homem)

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